Na semana do aniversário da cidade maravilhosa, entramos no clima de homenagens e fomos atrás de um café da manhã famoso por sua longevidade. O plano original era desfrutar das delícias da Confeitaria Colombo, mas um telefonema pela manhã confirmou uma má notícia: a casa só serve café montado entre 10h e 11h. Depois disso, só pedindo as porções à parte do cardápio.
Pensamos em outra opção, menos famosa, mas que nos garantia uma liberdade maior em relação ao horário. A Confeitaria Manon adoça a vida dos cariocas desde 1942 e, em 2008, passou a ocupar também a antiga loja da famosa Casa Cavé. Além de servir café até às 13h, claro.
A história desses lugares mais tradicionais é impressionante. Imaginar a vida num Rio de Janeiro antes da metade do século passado, em que o glamour europeu ditava as regras do estilo de vida e da moda da alta sociedade dá uma vontade enorme de viver essa experiência.
A Manon é bem menos bonita do que a Colombo. A sensação de decadence sem elegance se torna evidente logo ao entrar no salão: repleto de espelhos, com suas vitrines abauladas e seus doces com creme, azulejo hidráulico original, mesas pequeninas e fotos do Rio antigo por todo o lugar; tudo meio antiguinho e mal cuidado. Total clima demodé.
Mas pela quantidade de frequentadores famosos – com seus nomes devidamente emplacados nas paredes – fica claro que esse ambiente é um convite para boa comida.
Café da manhã :: Café Manon :: r$33,20
O cardápio dizia: opção para duas pessoas. Éramos 3 e resolvemos arriscar. A verdade é que duas porções de salada de frutas, dois chocolates, dois sucos, uma cestinha com muitos pães quentinhos, geleia, frios, omelete e ** madrilenhos ** foram mais do que suficientes para as bocas presentes.
O chocolate se destacou. Bem encorpado, daqueles que parecem feitos com a barra derretida na panela em banho-maria. Valeu até pedir bis. (; Com o calor que estava fazendo, a pedida gelada estava imbatível, mas também tem a opção quente, que deve fazer carinho na barriga nos (poucos) dias de frio nessa cidade.
Outro ponto alto da manhã foram os pães, todos quentinhos e amanteigados. Os brioches, apesar de poucos, estavam muitos gostosos, mas divino mesmo eram as torradas petrópolis. M-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s. Fartas fatias grossas, casca saborosa e miolo macio. Precisa dizer mais alguma coisa?
Mas quem reinou absoluto foi o doce de massa levinha, recheado com creme, uma gota de goibada e açúcar de confeiteiro por cima de tudo. Madrilenho é conforto pro coração, é amor. E pra provar que não estamos exagerando, o site da confeitaria o destaca como “um capítulo à parte” na história da empresa. Segundo consta, a receita se mantém inalterada desde a primeira vez que saiu do forno, em 1942.
A Casa Manon ganha o cliente pela boca – e sem mais. É preciso entrar lá de coração aberto, acreditando que comerá uma comida-conforto. A localização é excelente, do lado do metrô, perto da feira do Lavradio e de outras atrações tradicionais da cidade. Não tema, o Centro pode te surpreender com velhos truques guardados a muitas chaves por trás dos balcões mais antigos do Rio.
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Confeitaria Manon
Rua do Ouvidor, 187 / 189 – Centro
Tel. 2221-0245
Excelente matéria. Fiquei cim água na boca. Acho que vou almoçar rs rs rs….
Boa, Felipe! Se puder, passa lá pra provar os madrilenhos! :)
juro que vou parar de ler isso aqui, gente. é muita maldade com o corazón (estomago) da pessoa que mora distante.
humpf.
1:20h da manhã e eu lendo isso, sonhando com essas gordices. Fato que irei.
HUUUUUUuummmmmmmmm!!!!!!!
Carol, vc sempre pode humilhar a gente com suas carnes cortadas com papel e pães com gosto de pão e vinhos a preços populares e outras maravilhas porteñas.
:)
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Realmente não é tão bela como a Colombo, mas o café é ótimo e tem um bom serviço. Sempre dou uma paradinha lá.